O Evangelho
do IV Domingo da Quaresma é todo o capítulo 9 do evangelho de João. No início, pode
parecer um longo Evangelho para celebrar a Eucaristia. Mas, na verdade, ele tem
um monte de conteúdo para refletir. E, certamente, é o que aconteceu comigo.
Pessoalmente,
eu tenho estado envolvido com muitas pessoas cegas: algumas de nascimento,
outras causadas por acidentes, por doença ocular progressiva que acabou por
ficar cega, também como resultado de diabetes... Eu sei que é difícil, mas não
impossível viver sem visão. As pessoas que nunca viram, como é que você vai
explicar as cores?
Tenho uma
lembrança de uma tia, que por causa de retinitis pigmentosa ficou cega. Eu
praticamente conheci assim, pois era vinte anos mais velha que minha mãe. Ou
seja, pela idade, poderia ser minha avó. Foi uma tia que eu vi quase todos os
dias e eu a acompanhava para vender na rua, a loteria da Organização Nacional
de Cegos da Espanha, que era naquele tempo era uma forma de ajudar as pessoas
cegas, e organização não tem a força e os diferentes empregos como ela tem
hoje. Refiro-me aos anos de 1976 a 1989. Eu sempre tenho essa memória de como
ela temperava salada no ponto certo, sem ver nada! Sempre com a quantidade
certa de azeite, vinagre e sal! As pessoas aprendem a desenvolver algumas
habilidades, tornando-se defender em suas vidas diárias.
Em vez
disso, as pessoas que vemos, é que vemos a verdadeira realidade ou apenas o que
nós queremos? Coisas estão acontecendo muitas e os meios de comunicação não nos
dizem, porque lhes convém! Mas, nos preocupamos em nos informar? Quantos anos o
Sudão tem estado em guerra civil? Se eu sei que um pequeno problema no Sudão
foi pelos Missionários Combonianos e da conversa que ouvi Bispo Paride Tabán em
1994, mas o conflito ainda não está resolvido. E a situação atual na África
Central, que está em guerra? Juan José Aguirre nos informa. Há também muitas
outras realidades: alguns que eu conheço e outros que eu sei, mas todas elas
fariam este comentário fosse interminável.
Estamos tão
cansados e acostumados a ver a violência e a injustiça que a mídia informa -apesar
de acontecer muito mais, mas que não nos dizem nada- que nos congela o coração
e ficamos cegos. Tudo o que vemos é o que queremos. Não há necessidade de ter
uma doença dos olhos, para ser "cego".
Eu vi e
vejo situações tristes de perto, no bairro onde eu moro. As pessoas doentes, com
carência material e/ou emocional, com atendimento deficiente em centros de
saúde, com a discriminação social por causa de sua deficiência. Muitas vezes, não
precisamos ir muito longe nem assistir ao noticiário na TV ou ouvir no rádio,
para que possamos ver os diferentes doentes ou com outro tipo de necessidades e,
muita gente que é "cega" porque ela quer.
Meu desejo
é ter os olhos abertos e ver claramente o que está acontecendo, para ajudar
onde eu posso e não ficar "cego" ou "frio" para a realidade
do que me rodeia.
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