Eu sou uma pessoa que ama a Bíblia, porém,
que, por vezes, a forma de expressar alguns textos e ignorância da história,
quando eles estavam vivendo quando foi escrita e outros fatores, não me ajuda a
compreendê-la.
Muitas
vezes, eu entendo, mas eu tenho que atualizar essas palavras para trazê-las
para o mundo de hoje.
Há alguns
dias atrás, quando eu li o evangelho do dia, sublinhei esta parte da leitura:
“Por onde andardes, anunciai que o Reino dos
céus está próximo. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os
leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai! Não leveis
nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos, nem mochila para a viagem,
nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão; pois o operário merece o seu
sustento.”
Mas, na
realidade, refleti: “Curai os doentes,
ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios”.
Curar os
doentes não precisa explicação. Para mim, que sou uma auxiliar técnica de
enfermeira e uma das minhas funções é cuidar de idosos, tenho muito claro. Eu
não sou médico, mas o cuidado é um meio de curar, como o texto do Samaritano: “Aproximando-se, atou-lhe as feridas,
deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o
a uma hospedaria e tratou dele” (Lc 10, 34).
Depois ele diz: ressuscitar os mortos. Na verdade,
existem pessoas andando, mas estão "mortas", a história pesa demais,
suas carências -que não precisa ser apenas material, mas também afetivas-, impedi-lhes
sentir alegria, esperança, serenidade ... Sua vida não tem sentido...
Ao ler:
purificar leprosos, me vem à mente a situação social que tinham essas pessoas,
outros doentes e outra gente sem a doença, mas que está excluída, porque não
podia tocar em ninguém nem podiam ser tocados, porque se o fizessem, ficavam
contaminados. Por razões diferentes, eles viviam isolados, embora,
naturalmente, a pessoa faz parte de uma sociedade, grupo e, a solidão mata. Eu
não vou julgar essas leis, nem por que o fez, mas eu vou olhar hoje. Há pessoas
que por ter uma doença, ser de outra raça, país ou religião, ou por outros
motivos, são discriminados, sem termos uma lei para justificar tal tratamento. Na
verdade, acho que estamos todos contaminados -em diferentes graus- deste mundo
consumidor, que não olha o trabalho nem a dignidade da pessoa, mas a sua
produtividade e os benefícios que vão ao
"meu bolso" pelo seu trabalho. Acho que temos que nos purificar “os não
leprosos”, nos integrando tanto nós como os marginalizados na sociedade da qual
todos fazemos parte.
No final
diz: expulsar demônios. É verdade! Devemos expulsar os demônios, que não são os
outros seres, mas são essas ideologias, pensamentos que humilham e discriminam,
e que sua fonte e seu ápice é o egoísmo.
Agrada-nos ou desagrada, todos temos parte de egoísmo, muitas vezes bem
disfarçado de uma forma que nos obriga a refletir cuidadosamente diferentes
atitudes ou ações, se desejamos agir no caminho certo e não ceder a essa
tentação.
Depois de
refletir sobre esta frase, eu vejo que é um texto atual e tenho muito para
fazer.
Por isso,
meu desejo é o de: cuidar bem dos doentes, com amor; ouvir as pessoas, que se
sintam acompanhadas, dar coragem, tanto doentes como outras pessoas que conheço
e vivem em situações difíceis; tratar a todos com dignidade e motivar os
outros, tanto com as minhas palavras, quanto com o meu exemplo, para fazerem o
mesmo; tirar de mim, pensamentos, atitudes que discriminam, para viver e
transmitir com humildade, o amor que Jesus nos ensinou.
Então...
mãos à obra!