martes, 2 de diciembre de 2014

A ARMADURA DE DEUS

Nesta ocasião, quero compartir uma reflexão que fiz com um pequeno trecho da Carta de São Paulo aos Efésios (Ef 6,13-17):

“Tomai, por tanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever. Ficai alerta, à cintura cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da paz. Sobretudo, embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai, enfim, o capacete da salvação e a espada do Espírito, isto é, a palavra de Deus.”

Outras vezes, eu não prestei atenção à leitura, mas, desta vez, não sei se porque eu me sinto mais necessidade de uma "armadura" para me ajudar e proteger-me pelo caminho todos os dias da vida, que comecei a refletir e "observar" cada pedaço de a "armadura", ou seja: o cinto da VERDADE; a couraça da JUSTIÇA; calçado com PRONTIDÃO para propagar o EVANGELHO DA PAZ; o escudo da FE; o capacete da SALVAÇÃO; e a espada do ESPÍRITO, que é a PALAVRA DE DEUS.

O cinto apertando meu corpo me faz sentir mais seguro, minhas roupas não vai cair, é a VERDADE. A VERDADE que responde às perguntas do significado da vida e como vivê-la. Isso me dá segurança e me ajuda a superar as dificuldades. A VERDADE me move em busca da JUSTIÇA.

O escudo que me protege é a JUSTIÇA, embora muitas pessoas foram mortas lutando por isso. Então, o que protege a justiça? Justiça protege desvio de VERDADE, protege a minha consciência, minha vida espiritual. Como está escrito no Evangelho de Mateus 10,28: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que é capaz de destruir a alma e o corpo”. Então eu devo temer: o egoísmo, o isolamento, a preguiça, procrastinação, medo, falta de constância do meu compromisso. A justiça pode resultar em uma morte física, mas uma liberdade interior. O fato de não lutar pela justiça, pode leva-me a sentir-se "amarrada", "presa", "desiludida" com a injustiça que me rodeiam. Eu também posso viver isolada da realidade, mas eu acho que a minha própria solidão, contradiz a psicologia do homem é viver em sociedade, o grupo. E eu posso viver em um grupo e estar isolada de muitas realidades, sendo uma vida superficial, mas que faz a primeira queda ou dificuldade da minha realidade, custa muito mais levantar do chão. Uma verdadeira pessoa, que parte de uma sociedade, vive para si mesma e para os outros, com sentimentos, que é o que nos diferencia dos outros seres vivos. Amor e compaixão são parte desses sentimentos.

A JUSTIÇA faz-me caminhar com calçado adequado para os meus pés, minha medida e, assim, propagar o EVANGELHO DA PAZ, sentindo-me protegida pelo escudo da FÉ e o capacete ou capacete da SALVAÇÃO. Essa FE na VERDADE, que também me leva a caminhar, me dá a SALVAÇÃO, me dá liberdade dentro de mim. SALVAÇÃO, liberdade que protege minha cabeça, meus pensamentos, minhas atitudes para não desviar-me por um caminho errado.

E essa LIBERDADE, é também o fruto do ESPÍRITO, isto é, o fruto da PALAVRA DE DEUS, que é a minha arma de luta. A PALAVRA DE DEUS é o que me leva à VERDADE.

Depois de muitos pensamentos, palavras e ideias que podem até se parecem com um "trava-línguas", eu fico com um breve resumo que eu tenho que trazer para a vida:

• preciso sentir-me segura cingidos com a VERDADE;

• protegida pela JUSTIÇA, a FE e a SALVAÇÃO;

• comprometo-me a lutar contra o ESPÍRITO, que é a PALAVRA DE DEUS;


• e caminhar alerta, com zelo para propagar o EVANGELHO DA PAZ.

lunes, 10 de noviembre de 2014

TESTEMUNHO DE JULIEN

Em julho deste ano, tive a oportunidade de conhecer um jovem chamado Julien e faz parte da Fraternidade Diocesana de Amigos de Santo André Humberto, que pertence à Diocese de Poitiers (França).

Eu já tinha ouvido falar bastante desse grupo. Mas desta vez, eu vi como um deles  vive o seu compromisso.

As pessoas deste grupo de Amigos, têm a capacidade mental inferior à normal, mas: quem pode dizer que, apesar de sua "limitação" não queram ou podam viver um compromisso cristão?

No caderno onde estão escritos seus compromisso, a sua orientação, suas "constituições" ha algumas frases que eu acho que são importantes:

Cada um é único. Todos estão unidos pelo mesmo batismo. Cristo chama um por um, pelo nome. Ele dá-lhes uma única missão: viver o amor de Deus, nosso Pai... Em este pão da Eucaristia, nenhum grão de trigo é esquecido ou inútil.

É verdade; todos os que somos batizados temos a missão de viver o Evangelho do Amor. E estas pessoas, estes irmãos e estas irmãs, também têm essa missão.

Há muitas maneiras de viver o amor e não são necessárias grandes coisas. O verdadeiro amor se vive na simplicidade.

Também está escrita a frase de Santa Joana Elisabete: "Eu levo a sério o compromisso do meu batismo". E a de Santo André Humberto: "Este é o Deus da manjedoura, a cruz, o altar que lhes serve”.

Esse altar onde celebramos a Eucaristia e onde quando comungarmos renovamos o nosso compromisso cristão. E esse compromisso renovamo-lo todos: saudáveis -se pudéssemos nos considerar assim- as pessoas com deficiência ou com capacidade mental inferior à normal -que eu realmente não gosto da palavra, mas até agora, é a mais utilizado-.

Dentro dos compromissos concretos que têm, há um que eu não saberia colocar outro adjetivo: "Testemunhar Jesus ao redor para dar aos outros o que eu sou”.

Assim como popularmente está o dito de: "Uma imagem vale mais que mil palavras", uma testemunha também vale mais que mil palavras.

Julien, que faz parte deste grupo, participou da reunião que tivemos a Família Filhas da Cruz, constituída pela Congregação e os diferentes grupos de leigos que vivem esta espiritualidade. Acontece que, apesar de ter sido criado este grupo pela Diocese de Poitiers, a espiritualidade é Santo André Hubert, nosso Fundador, que também está a frase de Santa Joana Elisabete, nossa Fundadora.

Lá, eu pude ver como ele viveu e vive o seu compromisso, servindo como um acólito nas Eucaristias. E por muitas palavras que eu deseje expressar, não posso descrever a testemunha que ele deu-nos a todos os que participamos nas celebrações, naqueles dias de convivência e reflexão, e pelas palavras que ele mesmo compartilhou para todos os que estávamos ali.

Agradeço ao Senhor, por ter me dado a oportunidade de conhecer Julien e sua mãe, Pierrette e desejo, que a Fraternidade Diocesana de Amigos de Santo André Humberto, continue crescendo e dando frutos, cada um respondendo a seu compromisso batismal.


viernes, 17 de octubre de 2014

REVESTIR O TRAJE FESTA

Aproveitando estas coisas novas tecnológicas, recebi este domingo 12 de outubro, as leituras da Missa, sendo um domingo ordinário, o seja, nem Nossa Senhora do Pilar (avocação que celebramos na Espanha) nem Nossa Senhora Aparecida, ou qualquer celebração especial, mas, o que se diz em liturgia, Vigésimo Oitavo Domingo do tempo Comum, do Ciclo A.

No Evangelho (Mt 22, 1-14) é a pergunta: Como foi que você entrou aqui sem o traje de festa?
Quando eu li isso, eu me concentrei em que a frase e me perguntei: Qual é o traje de festa? Depois de passar algum tempo pensando e tentando responder a essa questão, eu continuei lendo porque neste e-mail vem também um pequeno comentário.

Não sei se é pela graça, inspiração ou coincidência, concordou que a reflexão escrita pelo Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), respondeu-me  a essa pergunta. Parte de seu comentário eu vou compartilhar.

Qual é o traje de festa do que fala o Evangelho? Certamente, este traje é uma coisa que só têm os bons, aqueles que estão a participar na festa... Será que são os sacramentos? É o batismo? Sem o batismo ninguém se aproxima a Deus, mas alguns recebem o batismo e não vêm a Deus... É o altar ou o que é recebido do altar? Mas receber o Corpo de Cristo, alguns comem e bebem a sua própria condenação (1Cor 11,29). O que é então? O jejum? Os maus também jejuam. Serão os que vão à Igreja? Os maus vão à igreja como outros...

Qual é então este traje de festa? O apóstolo Paulo nos diz: "O propósito dos mandamentos é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera" (1 Tm 1,5). Este é o traje de festa. Este não é um amor qualquer, porque muitas vezes eles são homens desonestos amam os outros... mas não vemos neles esta caridade ", que nasce de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera"; pois esta caridade é o traje de festa.
Depois de reconhecer que o traje de festa, o amor é, imagino como que é.

Não tem que ser chamativo, porque os compromissos que eu faço, como resultado do amor, não faço para chamar a atenção, mas faço com sinceridade. O fato que “o traje seja despercebido”, não significa que ele tenha menos valor.

Deve ser cómodo, que eu me sinta confortável com ele, com o que eu faço. Quando me sinto incómoda com a roupa, não volto vesti-la ou me sacrifico às vezes. O verdadeiro compromisso não é pontual, mas constante. Há muitas maneiras e ações com as quais eu posso expressar o amor. Seria impossível se eu comprometer a todas as coisas. Só tenho de agir no que me sinto confortável, capaz de fazê-lo.

Alguns de vocês dirão: mas o vestido de noiva... é só para casamentos! Não é para todos os dias! E eu me pergunto: Quem tem dito que não possa ser uma roupa para os outros dias? Não são "esquemas" que criamos, segundo a nossa economia ou nosso status tem ido para cima? Quando a nossa situação era mais humilde, íamos as festas de casamento com roupa nova -quem podia-, mas simples para seguir usando os demais dias do ano. Para não ficar a roupa "pendurada" no armário.


Agora, eu não vejo mais qualidades deste traje. Mas, certamente, conforme o tempo passa, eu vou reconhecer alguma outra qualidade, para viver mais intensamente o casamento que o Senhor me convida.

viernes, 27 de junio de 2014

CURAR DOENTES...

 Eu sou uma pessoa que ama a Bíblia, porém, que, por vezes, a forma de expressar alguns textos e ignorância da história, quando eles estavam vivendo quando foi escrita e outros fatores, não me ajuda a compreendê-la.

Muitas vezes, eu entendo, mas eu tenho que atualizar essas palavras para trazê-las para o mundo de hoje.
Há alguns dias atrás, quando eu li o evangelho do dia, sublinhei esta parte da leitura:

“Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está próximo. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai! Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos, nem mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão; pois o operário merece o seu sustento.”

Mas, na realidade, refleti: “Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios”.

Curar os doentes não precisa explicação. Para mim, que sou uma auxiliar técnica de enfermeira e uma das minhas funções é cuidar de idosos, tenho muito claro. Eu não sou médico, mas o cuidado é um meio de curar, como o texto do Samaritano: “Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele” (Lc 10, 34).

Depois  ele diz: ressuscitar os mortos. Na verdade, existem pessoas andando, mas estão "mortas", a história pesa demais, suas carências -que não precisa ser apenas material, mas também afetivas-, impedi-lhes sentir alegria, esperança, serenidade ... Sua vida não tem sentido...

Ao ler: purificar leprosos, me vem à mente a situação social que tinham essas pessoas, outros doentes e outra gente sem a doença, mas que está excluída, porque não podia tocar em ninguém nem podiam ser tocados, porque se o fizessem, ficavam contaminados. Por razões diferentes, eles viviam isolados, embora, naturalmente, a pessoa faz parte de uma sociedade, grupo e, a solidão mata. Eu não vou julgar essas leis, nem por que o fez, mas eu vou olhar hoje. Há pessoas que por ter uma doença, ser de outra raça, país ou religião, ou por outros motivos, são discriminados, sem termos uma lei para justificar tal tratamento. Na verdade, acho que estamos todos contaminados -em diferentes graus- deste mundo consumidor, que não olha o trabalho nem a dignidade da pessoa, mas a sua produtividade e os benefícios que  vão ao "meu bolso" pelo seu trabalho. Acho que temos que nos purificar “os não leprosos”, nos integrando tanto nós como os marginalizados na sociedade da qual todos fazemos parte.

No final diz: expulsar demônios. É verdade! Devemos expulsar os demônios, que não são os outros seres, mas são essas ideologias, pensamentos que humilham e discriminam, e que sua fonte e  seu ápice é o egoísmo. Agrada-nos ou desagrada, todos temos parte de egoísmo, muitas vezes bem disfarçado de uma forma que nos obriga a refletir cuidadosamente diferentes atitudes ou ações, se desejamos agir no caminho certo e não ceder a essa tentação.

Depois de refletir sobre esta frase, eu vejo que é um texto atual e tenho muito para fazer.
Por isso, meu desejo é o de: cuidar bem dos doentes, com amor; ouvir as pessoas, que se sintam acompanhadas, dar coragem, tanto doentes como outras pessoas que conheço e vivem em situações difíceis; tratar a todos com dignidade e motivar os outros, tanto com as minhas palavras, quanto com o meu exemplo, para fazerem o mesmo; tirar de mim, pensamentos, atitudes que discriminam, para viver e transmitir com humildade, o amor que Jesus nos ensinou.

Então... mãos à obra!

jueves, 5 de junio de 2014

O OUTRO LADO DA MOEDA... A COPA DO MUNDO

Estes dias no Brasil, já estamos vivendo um ar diferente, por causa da Copa do Mundo. No bairro de Vista Alegre de Belo Horizonte (Brasil), onde eu moro, várias peças de calçadas -se você pode chamá-los assim- e algumas paredes, foram decoradas com as cores da bandeira brasileira, o ano 2014, e a mascote oficial do Mundial.

Ao ouvir as notícias, uma grande parte do tempo é este evento, relatando diferentes seleções que irão participar. Acho muito bem ter ocasionalmente notícias de  "alegria", mas... e o que está escondido por trás deste grande evento?

No século XXI ainda há "tráfico de seres humanos". Eles prometem muito e levá-las à prostituição. Mandam-lhes fazer roupas, e pagam-lhes uma ninharia, além de ser anti-higiênico e, muitas vezes eles não podem fazer nada, porque eles não têm a documentação legal para que possam estar nesse país estrangeiro onde são explorados.

Neste caso, onde são levados, é onde você vai se comemorar o Mundial. Em um artigo sobre o Mundial anterior, realizado em 2010, está escrito:

"Várias organizações civis alertaram sobre um aumento do crime de tráfico de seres humanos na África do Sul, devido ao anúncio da Copa do Mundo de 2010. As principais vítimas de redes mafiosas de traficantes são mulheres e meninas exploradas através do comércio sexual, e de acordo com a imprensa especializada Sul Africano cerca de 40 mil mulheres no Zimbábue, Moçambique, Romênia, Rússia, entre outros países, desembarcaram no país para a prostituição nas ruas e bordéis .”

Triste, mas verdadeiro.

Nesta situação, não há palavras. Há apenas uma coisa que vem à minha mente. Muitas vezes, eu me sinto impotente e sinto que não posso fazer nada. Mas, por acaso, posso ter uma pequena oportunidade de ajudar alguém. Em toda a América Latina, a conferência de religiosos y religiosas lançou uma campanha para fazermos conscientes disso e conhecer mos os telefones que podem ajudar essas pessoas exploradas.


Vou terminar de escrever esses endereços nesta campanha. Não faz mal ter esse conhecimento, e informar-nos de qualquer telefone que pode ajudar nestas situações, lá onde vivemos. Embora possa parecer estranho, podemos conhecer um caso de exploração e, com uma simples chamada, podemos libertar vidas.




miércoles, 14 de mayo de 2014

A VOCAÇÃO

Seja por lembranças de datas específicas ou estar perto do quarto domingo de Páscoa, o dia do Bom Pastor, que também comemorado em muitos lugares o dia das vocações, agora está me dando voltas à mente a palavra "vocação".

Primeiro eu olhei no dicionário a palavra, e eles foram os seguintes definições:

1. Inclinação que se sente para alguma coisa. = PROPENSÃO, TENDÊNCIA

2. Disposição natural do espírito. = ÍNDOLE

3. Inclinação para a vida religiosa.

A coisa é que, estas definições são insuficientes, para expressar o que uma pessoa sente.

É verdade que muitas vezes, quando ouvimos esta palavra, se relacionam com uma pessoa que está se preparado para ser ou já é padre, religioso ou religiosa. Mas não é verdade. Todos nós temos um chamado e todos são importantes. O que temos a fazer é "descobri-lo" discerni-lo.

Algumas pessoas,  ainda novas, jê têm clara a sua vocação e outros precisam de mais tempo para discernir.
Mas há uma outra questão a ser respondida, dentro deste tema, o que é a que, pessoalmente, eu faço todos os dias. A questão é como? Como devo ser religioso ou religiosa? Como posso me tornar um padre? Como devo ser um pai ou a mãe ou a família? Como devo ser solteira ou solteiro?

Esse compromisso, não só o dia da celebração é feito, se é feito "oficialmente". O compromisso é renovado a cada dia. Com o tempo, as situações estão mudando e o compromisso não muda, mas a forma de realizá-lo.

Um jovem casal recém-casado não vai viver ou expressar seu amor da mesma forma quando você está velho. Se o casal tem filhos, o compromisso da paternidade pode ser alterado para ser avós. E isso é a mesma coisa com outras vocações, apesar de serem muito diferentes e não vão mudar o seu "título", como pais para avós.

E falando de títulos. A minha vocação é ser Filha da Cruz, isto é, eu sou um religiosa que eu pertenço a esta congregação, a esta família religiosa.

O IV Domingo de Páscoa, dia do Bom Pastor, ou melhor, na véspera do Bom Pastor, mas naquela tarde que, como de costume, se celebrou a Eucaristia do domingo, eu celebrei meus votos perpétuos, dito de outro jeito, meu compromisso definitivo como Filha da Cruz. Isto eu celebrei quatro anos atrás.

Às vezes não me vêm à mente as palavras que o padre Vicente Pedrosa disse em sua homilia:

Jesus é o Pastor dos pastores que assiste, acompanha, conduz as ovelhas do seu rebanho, ele chama-los pelo nome, dá um som alegre para a caminhada do grupo, pessoalmente atende as cansadas, cura às feridas, dá carinho às recém-nascidas, conforta às doentes, ausente apenas do rebanho ... para procurar a perdida e devolvê-la ao rebanho, e, finalmente, leva todas aos campos ricos... e desfruta  observando-as todas seguras, tranquilas e felizes. Irmãos e irmãs, de uma forma ou de outra, nós todos experimentamos estas boas maneiras, essas delícias de Jesus, o nosso Bom Pastor.

A verdade é que eu, em algum momento, eu era uma ovelha perdida, e ele veio até mim, me senti acolhido por ele e depois eu senti a sua chamada. Sou grato pela sua confiança e sua misericórdia. Mas eu também peço que me dê a graça de responder a como: como ser uma Filha da Cruz, hoje, neste momento, com a situação da minha congregação, minha paróquia, minha família e as pessoas ao meu redor.


E você sabe o que a sua vocação? Como você a vive hoje?

jueves, 10 de abril de 2014

A VERDADE LIBERTARÁ VOCÊS

Às vezes, quando eu ler um texto da Bíblia, tenho lembranças por uma palavra ou frase em particular, e o mesmo aconteceu comigo com o evangelho de João, capítulo 8, versículos 31 e 32, na qual está escrito: "Se vocês guardarem a minha palavra, vocês de fato serão meus discípulos; conhecerão a verdade, e a verdade libertará vocês."

Ao ler a palavra "livre”, minha mente foi a 2001, no qual eu estava acompanhando um grupo de confirmação. Na verdade, a responsável era outra catequista, mas devido a problemas de saúde, fui convidada para substituí-la.

Eu não me lembro do material que usamos, nem o tema específico de um dia. O que vem à mente é que falamos a palavra “livre”, com o seu substantivo "liberdade". Por esta razão, eu perguntei o que era para eles ser livre. Todos responderam que era “poder fazer o que quisessem”.

É verdade que a idade de quinze ou dezesseis anos que tinham esses garotos, em geral, se quer ser "mais velho" para se sentirem pessoas independentes, não terem que obedecer aos pais, para tomarem decisões pessoais. Mas, apesar de compreendê-los, após essa resposta, eu criei uma discussão com uma pergunta: o que vocês desejam não oprime nem tira a liberdade para os outros? Pois, apesar de vivermos no século XXI, a escravidão ainda existe, embora de maneiras diferentes.

Se eu desejar poder, superioridade para o outro, essa pessoa estou desprezando, marginalizando, e subestimando e, eu posso fazê-lo apenas com a relação, com o tratamento, sem passar temas mais específicos como: mulheres agredidas; outras, forçadas a casar-se, por vezes, sendo crianças; trabalhadores e trabalhadoras explorados; mulheres enganados que eles vão ter um bom emprego e depois são exploradas na prostituição; pessoas viciadas em drogas; discriminadas por serem mulheres, índios, negros ou outras raças consideradas "inferiores"; subestimados por parecerem alguma doença ou deficiência...

Algumas pessoas pensam que se você estiver em drogas, é porque você quer. Nesse debate, eu não quero entrar, porque há muita história e cada caso é único. Há pessoas que sabiam as consequências, outros foram enganados e também casos em que estavam vivendo tempos difíceis e desejavam fugir desta realidade, sendo a droga a maneira de fazê-lo. Mas, por que existe droga? Por que a criaram sabendo as consequências? Por que a vendem? É um negócio econômico muito forte que, para alguns, é o que importa. O impacto sobre as pessoas doentes por sua causa, não importa.

Também alguns pensaram que a gente doente ou com alguma deficiência, não teria que entrar aqui. Mas a verdade é que algumas dessas pessoas, pelo fato de não serem considerados na sociedade pessoas “normais”, “sem defeito”, às vezes é humilhado e, não lhes oferecem um emprego para viver com dignidade como qualquer outra pessoa, mas quando lhes dão, há situações que o salário é miserável.

É verdade que, tanto eu, quanto estes adolescentes -agora adultos- como muitos outros, podemos pensar que a resolução destes problemas está longe de nossas mãos. Podemos dizer que: nem somos os que causamos essa escravidão, nem podemos fazer nada para evitá-los, mas... na Espanha temos um ditado popular "quem cala consente", realmente não podemos fazer nada?

Será que não podemos fazer o contrário, por exemplo, acolher os nossos vizinhos, colegas de trabalho ou outras pessoas com quem nos encontremos em algum lugar por diferentes razões, sem diferenciá-los por sua raça, doença e/ou deficiência?

Não podemos ajudar as pessoas, que sabemos que estão com alguns problemas de saúde, sociais, econômicos, etc. através de organizações? Será que não podemos nos manifestar de forma pacífica, contra estas situações desumanas?

Não podemos lutar contra a pobreza, que sofrem a maioria dessas pessoas escravizadas?

Decidi de eu olhar no dicionário da Real Academia Espanhola, o significado da palavra livre. Uma de suas definições é que ele tem o poder de agir ou não agir. E outra: ousado, desenfreada; ele é livre para falar.

É verdade que parece insignificante o que podemos fazer e os resultados não são "do dia à noite". Mas, se o nosso desejo é ser livres, é a liberdade, temos de lutar pela liberdade dos "escravos de hoje”.

Eu quero ser ousada e quiser optar pelo poder de agir. Você saberá o que você quer optar ou fazer na vida.

miércoles, 2 de abril de 2014

O CEGO

O Evangelho do IV Domingo da Quaresma é todo o capítulo 9 do evangelho de João. No início, pode parecer um longo Evangelho para celebrar a Eucaristia. Mas, na verdade, ele tem um monte de conteúdo para refletir. E, certamente, é o que aconteceu comigo.

Por um lado, eu vi esse processo que o cego, depois de mudar a sua vida, depois de recuperar a visão, primeiro disse que Jesus é um profeta (Jo 9, 17), e depois reconheceu o Filho do homem (Jo 9, 35 - 38). Desde que eu senti a atração por Jesus e sua vida, que me fez pensar, até que o reconheceu como Cristo, passou um tempo, um processo de crescimento na fé e na parte interna de mim mesmo. Embora eu não fiquei só com isso e eu também fiz a partir de "a visão" como um dos cinco sentidos que temos, ou seja, olfato, audição, paladar, tato e visão.

Pessoalmente, eu tenho estado envolvido com muitas pessoas cegas: algumas de nascimento, outras causadas ​​por acidentes, por doença ocular progressiva que acabou por ficar cega, também como resultado de diabetes... Eu sei que é difícil, mas não impossível viver sem visão. As pessoas que nunca viram, como é que você vai explicar as cores?

Tenho uma lembrança de uma tia, que por causa de retinitis pigmentosa ficou cega. Eu praticamente conheci assim, pois era vinte anos mais velha que minha mãe. Ou seja, pela idade, poderia ser minha avó. Foi uma tia que eu vi quase todos os dias e eu a acompanhava para vender na rua, a loteria da Organização Nacional de Cegos da Espanha, que era naquele tempo era uma forma de ajudar as pessoas cegas, e organização não tem a força e os diferentes empregos como ela tem hoje. Refiro-me aos anos de 1976 a 1989. Eu sempre tenho essa memória de como ela temperava salada no ponto certo, sem ver nada! Sempre com a quantidade certa de azeite, vinagre e sal! As pessoas aprendem a desenvolver algumas habilidades, tornando-se defender em suas vidas diárias.

Em vez disso, as pessoas que vemos, é que vemos a verdadeira realidade ou apenas o que nós queremos? Coisas estão acontecendo muitas e os meios de comunicação não nos dizem, porque lhes convém! Mas, nos preocupamos em nos informar? Quantos anos o Sudão tem estado em guerra civil? Se eu sei que um pequeno problema no Sudão foi pelos Missionários Combonianos e da conversa que ouvi Bispo Paride Tabán em 1994, mas o conflito ainda não está resolvido. E a situação atual na África Central, que está em guerra? Juan José Aguirre nos informa. Há também muitas outras realidades: alguns que eu conheço e outros que eu sei, mas todas elas fariam este comentário fosse interminável.

Estamos tão cansados ​​e acostumados a ver a violência e a injustiça que a mídia informa -apesar de acontecer muito mais, mas que não nos dizem nada- que nos congela o coração e ficamos cegos. Tudo o que vemos é o que queremos. Não há necessidade de ter uma doença dos olhos, para ser "cego".

Eu vi e vejo situações tristes de perto, no bairro onde eu moro. As pessoas doentes, com carência material e/ou emocional, com atendimento deficiente em centros de saúde, com a discriminação social por causa de sua deficiência. Muitas vezes, não precisamos ir muito longe nem assistir ao noticiário na TV ou ouvir no rádio, para que possamos ver os diferentes doentes ou com outro tipo de necessidades e, muita gente que é "cega" porque ela quer.

Meu desejo é ter os olhos abertos e ver claramente o que está acontecendo, para ajudar onde eu posso e não ficar "cego" ou "frio" para a realidade do que me rodeia.


martes, 25 de febrero de 2014

FILME "O ANEL DE TUCUM"

Neste momento, escrevo onde está o filme O anel de tucum. Aqui está bem expressado o que significa leva-lo na mão. Este anel não é uma coisa decorativa, mas um compromisso como já escreve no meu primeiro comentário, dando sentido ao nome deste blogger.


Dou graças a Pedro Casaldáliga e outras muitas pessoas que dedicam e dão sua vida em favor da justiça e da dignidade da gente marginalizada.

http://youtu.be/55blfFGeyPc

domingo, 23 de febrero de 2014

NEGUE-SE A SI MESMO, TOME A SUA CRUZ E ME SIGA

Lendo o Evangelho do dia sexta-feira, eu me concentrei em esta frase:

Então Jesus chamou a multidão e os discípulos. E disse: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.

Na verdade, eu gosto de como está escrito no Evangelho de Lucas:

Depois Jesus disse a todos: «Se alguém quer seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-Me.

Lucas enfatiza a cruz "todos os dias." Mas vou começar desde o início, isto é, "negue-se a si mesmo." É verdade que é em algumas Bíblias com a palavra "renuncie" o que parece ser um pouco mais suave, mas na prática se reflete da mesma forma. Mas o que isso significa? O que envolve na minha vida esse "recusar"? Como é "traduzida"?

Essa renúncia pode ser refletida nos momentos que eu me privar de algo que eu gostaria de fazer, para fazer algo que os outros querem. Ás vezes eu passo meu tempo, o que poderia ser chamado de folga, para visitar os doentes. Certamente não é sempre um esforço e nem mesmo pode ser chamado de renúncia, porque é algo que eu gosto. Mas nem sempre o que eu quero fazer, nesse momento, porque eu posso estar cansada ou posso ter o desejo de fazer outra coisa e, de qualquer maneira, eu vejo que a coisa certa é fazer esta visita por causa da situação que estão vivendo, o tempo desde a última visita ou por outros motivos que dão mais urgência para assumir esse compromisso.

Essa fatiga, esse desejo de fazer outra coisa, essa preguiça, esse egoísmo que, como  pessoa que sou, eu tenho algo e, às vezes que eu deixo dirigir-me por ele... são as cruzes diárias que me paralisam e me fazem reagir às vezes como São Paulo (Rm 7, 19): “Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero”.  Estas cruzes que, por vezes, desencorajam-me e até me faço questão se não melhor "jogar a toalha", “tirar a renúncia de mim", “parar de me organizar” estas visitas, muitas vezes, para ajudar a acompanhar a situação de que determinada pessoa ...

Também há outras cruzes como: doenças, fortes situações em família ou entre amigos, problemas financeiros, momentos de dor ... Mas, pessoalmente, neste momento eu não tenho de tomar essas cruzes que não significa que não aconteceu.

Mas focando na minha realidade pessoal, eu não posso negar que o Espírito está presente para me ajudar a renunciar ou a "me levantar do chão", me ajudando a superar esse desânimo para seguir Jesus.

Vem-me à mente um dia especial na minha vida, que é o dia em que eu professo meus primeiros votos como Filha da Cruz. Foi o 14 de setembro de 2003. O ano, não é importante. O que importa é o dia comemorado como "A Exaltação da Santa Cruz." Lembro-me muito bem que na congregação me perguntaram qual era o dia gostaria de professar e por quê. Eu respondi que nesse dia, porque no meio da cruz, eu conheci a Cristo.

Sim, é verdade. No meio da cruz, das dificuldades da vida, Cristo na paróquia me acolheu como eu sou, pelos amigos que eu estava tomando lá, dos quais, muitos deles me ajudaram nos meus momentos difíceis. O Espírito estava presente através deles e levou-me a dedicar minha vida aos pobres e necessitados, aos crucificados.


Eu agradeço a Deus pela experiência. É só pedir a Ele para continuar a ajudar-me a renunciar e levar a cruz de cada dia, para eu poder segui-lo livremente e por amor.

miércoles, 19 de febrero de 2014

POR QUE CHAMAR O BLOGGER “O ANEL DE TUCUM”?

A história é cerca de vinte anos atrás.

Eu não posso dizer a data exata, mas em 1994 ou 1995, eu me senti chamada a viver uma Páscoa mais intensa e lembrava quando que eu estava no grupo de crisma, todos os jovens íamos para viver estes dias com os catequistas e o padre, em uma quinta alogada.

Eram dias intensos de reflexão e oração, que por várias razões, e tendo passado tempo da última vez que participe destas Páscoas, eu senti a necessidade de reviver aqueles dias importantes de nossa fé, com uma força especial.

Por esta razão, eu me juntei a Páscoa Juvenilque organizaram os Missionários Combonianos. Teve lugar em Palencia (Espanha). E "anel de tucum" fez parte de uma delas.

Eu me lembro como se fosse ontem. Depois de orar, celebrar a fé, a partilha de vida, refletir sobre Quinta-feira Santa, Sexta-Feira Santa e Sábado Santo, Domingo de Páscoa os missionários nos deram como lembrança este anel. Mas também nos falaram do seu significado.

Mais recentemente, a utilização do anel de tucum foi resgatada por fiéis cristãos, especialmente adeptos da teologia da libertação, com o objetivo de simbolizar a "opção preferencial pelos pobres", especialmente por fiéis católicos após as Conferências Episcopais de Medellín e de Puebla.

Embora o anel de tucum, tenha sido originalmente criado para simbolizar o matrimônio entre escravos e índios, atualmente, em meios cristãos, o anel é usado para representar a preocupação com causas populares, e pela igualdade.

Naquele momento, a última coisa que eu pensava era ser eu religiosa e ainda ser destinada ao Brasil. Mas aconteceu, está acontecendo cada dia que vivo, e eu sou feliz por isso.


Daqui do Brasil, de uma forma mais concreta do bairro Vista Alegre de Belo Horizonte (Minas Gerais), escrevo e compartilho estas linhas, tentando manter o compromisso de lutar pelos pobres, dentro das limitações que eu tenho, mas com alegria, esperança e a chamada que eu sinto, pelo fato de morar perto da gente pobre, simples e comprometida em favor do outro, apesar de viverem na pobreza.